

Você chegou. Mas talvez tenha se adiantado.
Não sabemos como você veio parar aqui. Mas agora é tarde.
Alguns chamam de Estação Godot, mas ninguém lembra de tê-la visto nos mapas. É o chiado entre duas faixas. A última parada antes do esquecimento. Não é um blog, não é um site, não é um projeto. É uma falha no sinal. Uma pausa longa entre dois pensamentos. Um lugar pra quem já entendeu que nada vai acontecer – e mesmo assim fica esperando. Não estamos tentando vender nada. Não estamos tentando salvar nada. Estamos apenas continuando a transmissão. A entrada é livre. A saída, improvável.
Nós somos o Colégio Invisível das Serpentes Mnemônicas.
Somos crianças e estamos apenas começando.
Lasciate ogne speranza, voi ch’intrate.
Um cineclube fora da curva, fora do horário e, quando possível, fora da lei.
Não exibimos filmes. Evocamos entidades presas em rolos de celuloide, em fitas magnéticas, em discos riscados de DVD.
Obras malditas, esquecidas, censuradas ou apenas mal compreendidas. Filmes que nunca deveriam ter existido – ou que só agora, neste colapso prolongado, começam a fazer sentido.
As sessões acontecem em locais provisórios, zonas autônomas temporárias: porões, garagens, salas vazias, sindicatos selvagens, interstícios urbanos sem nome fixo. Não há cartaz. Não há bilheteria. Só uma linha de código, um fio de boato, um convite errado entregue à pessoa certa.
É melhor chegar cedo.
